Mais uma vez, em Joinville, o ano inicia com aumento na tarifa do transporte coletivo público. A novidade deste ano é o espantoso índice de aumento: em 2025, ficou 13,6% mais caro andar de ônibus na nossa cidade.
Para comparação, a inflação em 2024 ficou em 4,9%. Nos anos anteriores, o reajuste da tarifa variou entre 3,5% e 4,9%. O que estamos amargando este ano, os 13,6% de aumento, é algo absolutamente injustificável.
A tarifa antecipada passou a custar R$ 6,25 e a embarcada, R$ 6,50. Se voltarmos 10 anos, esses valores eram R$ 3,25 e R$ 3,70, respectivamente.
O transporte público em Joinville tem ficado cada vez mais caro, e isso não reflete em melhoria na qualidade do serviço. Pelo contrário! No ano de 2017, eram 277 linhas disponíveis, enquanto que agora, em 2024, estavam em funcionamento apenas 200 linhas.
De 2000 para cá, reduziu-se pela metade o número de usuários do transporte coletivo na nossa cidade. E isso se dá porque o ônibus deixou de ser um meio atrativo de deslocamento. Em Joinville, ele é caro e ineficiente.
O resultado disso é uma cidade excludente. A tarifa abusiva é uma barreira para que parte da população possa ter acesso à cidade, aos serviços de saúde, educação, emprego e lazer.
Essa situação tem também um grande impacto na mobilidade urbana: a migração dos usuários do transporte coletivo para o uso de carros e motos potencializa os congestionamentos em nossa cidade. E o reflexo disso é o aumento na emissão de poluentes causados pela queima de combustível. A emergência climática está aí, com efeitos trágicos já vistos inclusive no Brasil, e não podemos ignorar que são necessárias mudanças radicais na forma como vivemos nossa cidade. Tornar o transporte público atrativo, algo que é defendido por especialistas há décadas, seria uma forma de mitigar os problemas de mobilidade e também os ambientais.
Em todo o Brasil, já são 118 cidades que resolveram dar um passo nesse sentido: implantaram a Tarifa Zero para o transporte público coletivo. Além de uma solução para tornar o ônibus atrativo para a população (as cidades com Tarifa Zero dobraram o número de passageiros), é uma medida para enfrentar os problemas de mobilidade e ambientais. Mas não só isso. A gratuidade no transporte público faz sobrar no bolso das famílias um dinheiro que pode ser usado no comércio local, fomentando a economia da cidade.
Balneário Camboriú, cidade conhecida internacionalmente pelos seus prédios gigantescos, adotou a Tarifa Zero já em 2023 e os resultados foram tão positivos que a medida, que funcionaria em forma de teste, se manteve e continua operando.
Em Santa Catarina, além de Balneário Camboriú, outras 7 cidades têm gratuidade no ônibus.
Nossa cidade tem uma janela de oportunidade para discutir a sério o sistema de transporte público coletivo. Está em andamento o processo licitatório para operação do sistema. Infelizmente, é um processo que já nasce problemático: a própria licitação proposta inclui uma suposta dívida que a prefeitura municipal teria com as empresas Gidion/Transtusa, no valor de R$ 232,3 milhões. A justificativa para a dívida é um acumulado de anos em que as empresas pediram aumentos de tarifa acima do que prefeitura apresentava. Por conta disso, qualquer empresa que queira disputar essa licitação terá que arcar, logo de início, com essa dívida.
Esse processo licitatório, há décadas esperado em Joinville, tem sido realizado sem um amplo debate com a sociedade. Isso precisa mudar. Entendemos que precisa ser interrompido e reiniciado de forma amplamente democrática, com audiências públicas em todas as regiões da cidade.
Pela revogação imediata do reajuste nas tarifas do transporte público coletivo em Joinville!
Pela interrupção do processo licitatório nas atuais diretrizes. Por um debate amplo e democrático sobre o sistema de transporte público coletivo em nossa cidade, com audiências regionais e participativas!
Pela implantação da Tarifa Zero!
Posted on 07/01/2025 by CABN
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